Pesquisar este blog

Lavagem após sexo pode aumentar risco de HIV

Um estudo conduzido em Uganda sugeriu uma descoberta surpreendente sobre sexo e HIV. Lavar o pênis minutos após a relação sexual aumenta o risco de contrair HIV em homens não circuncisados.
Quanto mais cedo a limpeza, maior é o risco de infecção, descobriu o estudo. Atrasar a lavagem por pelo menos 10 minutos após o sexo diminui significativamente o risco de contrair o HIV, reportou o dr. Fredrick E. Makumbi no dia 25 de julho durante uma conferência internacional sobre Aids em Sydney, Austrália.



Os pesquisadores não possuem uma explicação precisa para as descobertas, que desafiam a sabedoria popular e os ensinamentos de muitos especialistas em doenças contagiosas que defendem a limpeza do pênis como parte da boa higiene genital. Especialistas em saúde haviam sugerido anteriormente que a lavagem do órgão após o sexo poderia prevenir que secreções vaginais potencialmente infecciosas penetrassem no corpo por meio do pênis não circuncisado.

Lavar o pênis após a relação sexual é comum na África. Para determinar se a lavagem poderia ser recomendada como alternativa à circuncisão masculina, a equipe de Makumbi do Instituto de Saúde Pública da Universidade Makerere estudou 2552 homens não-circuncisados no distrito de Rakai, em Uganda.

Os homens, entre 15 e 49 anos, não eram circuncisados e nem infectados com HIV quando foram pesquisados. Oitenta e três porcento disseram que lavar o pênis após relações com todas as suas parceiras.

Os pesquisadores perguntaram sobre quando e como os homens lavavam o pênis após o coito no registro e 6, 12 e 24 meses depois, incluindo a limpeza com ou sem panos.

Por conta de um lapso, os pesquisadores não perguntaram detalhes sobre como a limpeza era feita ou sobre o uso de sabonetes, disse o dr. Ronald H. Gray, co-autor da Escola de Saúde Pública Bloomberg do hospital Johns Hopkins. Alguns sabonetes usados na África provocam mais irritações do que os usados em outro locais.

Homens que lavavam o pênis três minutos após as relações corriam 2,3% de chance de contrair o HIV comparados a 0,4% daqueles que atrasavam a limpeza por 10 ou mais minutos. O Instituto Nacional de Alergias e Doenças Contagiosas pagou pelo estudo.

A análise das limpezas foi parte secundária de um estudo conduzido para determinar a eficácia da circuncisão masculina contra a infecção por HIV. Relatórios anteriores haviam mostrado o fator protetor da circuncisão.

Uma mensagem do estudo, disse Gray, é que "deve haver um pouco de tempo para carinhos pós-coito antes de se levantar e se lavar".

"Não acabe e imediatamente pule da cama", disse.

Makumbi e outros especialistas em Aids declararam não saber o porquê da prática de limpeza aumentar a vulnerabilidade à infecção pelo HIV, porém ofereceram várias explicações. Uma é que a acidez das secreções vaginais pode impossibilitar a habilidade do vírus da Aids sobreviver no pênis. A espera pela lavagem - e uma exposição maior às secreções vaginais - pode reduzir a ineficácia viral.

Outra é que o uso da água, que possui pH neutro, pode encorajar a sobreviência do vírus e possível infecção.

O HIV aparentemente precisa estar em fluidos para cruzar a mucosa para contaminar as células, disse Gray. Se o fluido contaminado com HIV seca, seu poder de contaminação pode diminuir. Adicionar água poderia resuspender o HIV, tornando-o mais contagioso.

As descobertas do estudo são inesperadas, disse o dr. Merle A. Sande, especialista em doenças infecciosas na Universidade de Washington em Seattle, e "mostram a utilidade dos estudos, pois até que sejam conduzidos, nunca se sabe".

Sande, que não teve envolvimento no estudo, disse: "Ainda há muitas coisas que não entendemos sobre os fatores complexos que influenciam a transmissão do HIV no trato genital, mas este importante estudo ajudará".

Ele também é presidente da Fundação da Aliança Acadêmica, um grupo que treina trabalhadores de saúde para tratar a Aids e outras doenças contagiosas em Uganda.

(Fonte:The New York Times)


Nenhum comentário: